Viajar de avião com bebé

Viajar de avião com um bebé à primeira vista não parece uma tarefa fácil, mas se planear e preparar a viajem com antecedência, tudo se simplifica. Se for sozinha com o bebé, terá de fazer uma ótima gestão de recursos e alguma ginástica ao nível da logística. Existem truques para simplificar a sua vida e não tem de abdicar das suas convicções (alimentação, higiéne, segurança…). Deixo algumas dicas que pus em prática este verão, levando o mínimo para mim e para um bebé de 18 meses. O mínimo na minha definição significa: contar com as necessidades habituais e um pequeno extra para o caso de haver algum azar (atraso, má disposição, etc.), sem exageros!

• Marque a viagem para o início das férias, e relaxe após o regresso! Assim poderá ir fresca, cheia de energia e vontade. Quando regressar tem tempo para ficar por casa, para ir aos locais habituais, tomar café com amigos, visitar a família, enfim, os planos caseiros.

• Se decidir conduzir até ao aeroporto, marque o parque de estacionamento online com alguns dias de antecedência. Deverá ter em atenção se precisa ou não imprimir o comprovativo, pois em alguns casos é com esse papel, onde consta o código de acesso, que vai conseguir entrar no parque à chegada. É possível conseguir taxas a partir de 3€ por dia no Porto sem ter de deixar o carro no fim do mundo! No caso dos parques da ANA, mesmo que estacione no P9, considerado o mais distante, apenas precisa caminhar 7 minutos, o que significa atravessar três passadeiras (com algum cuidado pois é uma zona de aceleras atrasados para os seus voos) e percorrer os pequenos jardins do aerorporto até entrar no edifício.

• Levar um sling e um carrinho. O carrinho tem função dupla: serve para levar o bebé, acordado ou a dormir, enquanto dá uma folga às suas costas, principalmente se for viajar sozinha, e serve para carregar as malas, sacos e compras enquanto o bebé está no sling.

• Se o bebé ainda usa fralda, leve um saco de ombro com 3 fraldas e algumas toalhitas (no meu caso reutilizáveis), creme, sabonete, toalha de rosto e uma muda de roupa. Este saco serve para andar sempre por perto do bebé, para emergências, para o poder trocar em qualquer lado sem abrir a mala, para poder largar toda a restante bagagem e ir só com este ao ombro. Após várias tentativas a experimentar sacos de diversos tamanhos, o mais confortável e adequado acabou por ser um saco térmico que uso normalmente como lancheira! O importante é que seja impermeável e tenha um fecho, pois é provável que dentro do avião, o saco vá aos seus pés.

• Se for sozinha recomendo levar uma mochila de campismo, comprida e estreita. Se for  outro adulto consigo, então as malas de rodinhas passam a ser uma possibilidade. Acreditem ou não, a mochila de campismo mesmo não cumprindo as medidas da cabine, pela minha experiência, passam sem causar problema. Nessa mochila irão fraldas necessárias para pelo menos 2 dias, isto porque se forem reutilizáveis, é o tempo mínimo necessário para lavar e secar as do primeiro dia; se forem descartáveis, garante que consegue se organizar antes de ir às compras. Irão ainda duas mudas de roupa para o bebé e para cada adulto. Convém que sejam peças ‘universais e resistentes’ isto é, que consigam combinar e encaixar facilmente entre elas: de cores semelhantes, sem grandes padrões, sem contraste de estilos e de materiais que possam lavar a 60 graus. Se só levar a mochila, precisa levar também que lá caiba o calçado extra: uns chinelos por adulto e umas sandálias para o bebé. No bolso de fora leva as cópias dos documentos e bilhetes, o carregador e auriculares do telemóvel.

• Consiga frascos de plástico pequenos para levar os líquidos de higiéne. Pessoalmente não compro estes frascos, quando vou a um hotel onde oferecem champô/gel-de-banho, trago estas pequenas embalagens comigo, lavo-as e retiro o rótulo. Uns dias antes da viagem, encho cada uma delas com champô, condicionador, gel íntimo, etc. nas doses que considero necessárias para os dias em que irei estar fora. Para saber qual o conteúdo de cada frasco, escrevo com caneta de acetato na lateral do frasco, e colo uma tira de fita-cola por cima da palavra, assim não sai a legenda quando o frasco se molhar. Como os frascos são pequeninos, as porções são individuais e consigo encaixar bastantes no saco de 1L permitido na entrada do aeroporto. Outra opção é comprar um kit de frascos até 100ml cada. Acho prático deixar o saco dos líquidos fora da mochila, dentro de uma sacola de plástico pendurada no fecho. Somente após passar o controlo, guardar a sacola no topo da mochila, assim garante que se algo verter, a sacola não deixa que chegue à roupa.

Exemplos: kit de viagem do IKEA à esquerda e do Continente à direita

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• Leve detergente para lavar a roupa de adulto, de bebé e as fraldas, um só para tudo. Pode optar por levar detergente líquido, num recipiente menor que 100ml na sacola dos líquidos. Pode levar em pó. Ou caso tenha acesso a fogão, pode levar ~20gr de sabão marselha raspado, e à chegada é só aquecer 1 litro de água num tacho e misturar o sabão. Em qualquer um dos casos, garanta que leva a quantidade necessária para as lavar as fraldas e roupa as vezes necessárias durante a sua estadia. Pode não ser a prática habitual em sua casa misturar fraldas e roupa, e/ou roupa de adulto e de bebé, mas o stock é curto para haverem tempos de espera no cesto, para além disso, se o detergente for apropriado para bebés, é apropriado para adultos. E claramente não vai precisar de branqueadores, lixivias ou amaciadores por apenas uns dias.

• Uma lancheira pequena com fecho, com a comida necessária para o tempo de viagem para o bebé, água e uns snacks para os adultos. Mais do que isso poderá vir a ser desperdício. Principalmente no verão, a comida pode se estragar, derreter, alterar o sabor ou a textura… e basta uma pequena alteração para muitas vezes as crianças já não comerem! Para calcular o tempo de viagem, contabilize desde que sai de casa, até ao momento em que conseguirá preparar uma refeição. Quanto ao que deve levar na lancheira, se sabe que o seu filho come algo em particular sem grandes lutas ou tempos de espera entre colheradas, recomendo que opte por essa opção para a viagem, desde que seja saudável: sem adição de açúcares ou sal, sem emulsionantes, corantes, conservantes artificiais, etc., idealmente de agricultura biológica/biodinâmica, e acondicionados em embalagens que permitem grande tempo de conservação.

Exemplos: Puré de fruta da Provida à esquerda e da Naturefoods ao centro, Puré de legumes da Holle à direita.

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• Leve um brinquedo que o bebé goste, apenas um, e que seja compacto. Pessoalmente levo sempre um livro com animais, para ele apontar e dizer-me qual o nome, o som que emite e o que come. Só precisará de um brinquedo, pois com alguma imaginação conseguirá transformar embalagens, rolhas ou canetas, em algo apelativo quando for momento de brincar (tendo em conta a idade do bebé). Se viajar numa companhia aérea que disponibiliza ou oferece um brinquedo às crianças a bordo, peça o seu imediatamente à entrada do avião e avalie se este se adequa à idade do seu filho. Se oferecerem um livro de colorir e o bebé for demasiado novo para ter um lápis na mão, aproveite para ler uma história inventada com as personagens do livro!

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